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:: O Retorno do Investimento em Projetos de Redes

José Mauricio Santos Pinheiro em 18/02/2005

 

No desenvolvimento de projetos de redes de computadores é muito comum se trabalhar com orçamentos apertados e prazos curtos e, mais comum ainda, não se poder precisar o quanto o usuário irá obter em termos de produtividade e lucratividade. Por esse motivo, é interessante tanto para a equipe que desenvolve o projeto quanto para o usuário calcular o Retorno do Investimento (ROI - Return On Investment).

O que é

Criado em 1977, pelo Gartner, o conceito de Retorno do Investimento se disseminou e ganhou popularidade na área de Tecnologia da Informação na década de 1990, quando os projetos de implementação de ERP (os pacotes integrados de gestão), se tornaram uma febre.

O ROI apresenta claramente uma estimativa das vantagens que um projeto poderá trazer. O retorno pode ser representado como corte nos custos, maior participação no mercado (market share), conscientização da marca (branding awareness), aumento direto nas vendas (no caso de e-commerce), influência nas compras, etc. Um preceito básico, no entanto, é que ele deve ser medido sempre em conjunto com o conceito de TCO (Total Cost of Ownership ou Custo Total de Propriedade).

Definições

Embora muitos profissionais ainda considerem o ROI como um exercício de matemática que sofre constantes alterações e padece de erros, ele significa o retorno de determinado investimento realizado e contabilizado em meses nos quais ele será amortizado para então começar a gerar lucros. Ou seja, o ROI tende a precisar quanto tempo uma empresa deve demandar para recuperar aportes feitos em um determinado equipamento ou tecnologia e, assim, responder se o investimento é realmente viável.

Outra definição para ROI seria a relação entre produção real e capacidade efetiva ou capacidade efetiva pela capacidade do projeto ou ainda capacidade do projeto por ativo total. Complexo? Talvez, mas como a origem do ROI é o mundo econômico suas nuances são uma evolução da velha máxima da entrada e saída de capital.

Outros fatores, não tão concretos, podem fazer a diferença na adoção de um projeto como a melhoria da qualidade, a maior velocidade e a confiabilidade dos serviços obtidos com um investimento em TI, porém como são de complexa mensuração, eles dificilmente entram na formulação do ROI. Aqui, o objetivo é puramente econômico. O gerente do projeto precisa verificar a evolução e a projeção dos números.

Conceitos

Todas as empresas assumem riscos se querem recompensas; em parte, é disso que trata o Retorno do Investimento (ROI). Em troca da quantia de dinheiro gasta, a empresa espera recuperar mais do que esse valor de volta.

O projeto de uma rede deve oferecer resultados nos campos financeiro, tecnológico e estratégico, além é claro, de benefícios para seus usuários. O ROI, neste caso, é mais um elemento no processo de montagem do projeto, fornecendo subsídios poderosos para que os riscos do investimento sejam devidamente analisados.

Embora o retorno do investimento de uma empresa nunca seja igual ao de outra, um componente primordial da equação que está presente para todas é a relação do tempo despendido no projeto, com a idéia do cumprimento de prazos e do número de meses que justificam o investimento. Atualmente busca-se um ROI (medido sempre em meses) cada vez mais rápido para os projetos, assim maior será o impacto no ciclo de produtos ou naquele setor envolvido e, maiores os lucros.

Muitas vezes é preciso reavaliar o ROI com o projeto ainda em andamento e, de posse de dados mais concretos, expandir a métrica e as avaliações em outras etapas do projeto. Por sinal, o mercado sistematizou o ROI e criou uma série de ferramentas, quando não são os próprios sistemas que possuem um módulo que o contabiliza.

Categorias de ROI

O conceito do ROI evoluiu internamente em muitas empresas que criaram categorias de acordo com o tipo de investimento em TI: aqueles que reduzem custos, os que investem em segurança, aqueles que criam rendimentos e ainda os que simplificam os processos. Assim, surgiram diferentes evoluções ou variantes do ROI no mercado, como o Average ROI, que parte de médias alcançadas por empresas em determinado projeto, ou ainda o Cumulative ROI ou cROI, que representa os ganhos projetados no futuro pelo projeto, pós tempo do retorno propriamente dito. Também encontramos o ROSI, para calcular um retorno tangível para um investimento em segurança, entre outros.

Um correlato do ROI é o VOI (Value on Investment), que seria a medida dos benefícios decorrentes de iniciativas que geram múltiplos ganhos. Também definido pelo Gartner, em 2001, é voltado especialmente para projetos Web como Intranets e Extranets, propondo a diferenciação de métricas para projetos de cunho eminentemente estratégico. No lugar de avaliar o retorno do investimento é visto o processo contínuo dos valores gerados.

Calculando o ROI

A maioria das empresas que investe no treinamento de seu pessoal tem procurando avaliar esse investimento para mensurar seus resultados. O investimento tem que dar um retorno vantajoso e, para medir esse retorno do investimento em treinamento usa-se, com freqüência, o ROI.

Por exemplo, uma empresa espera obter como benefícios do treinamento do seu pessoal de TI um valor da ordem de R$ 150.000,00. Os custos com esse treinamento são de R$ 15.000,00. Para calcular o ROI é necessário subtrair o custo do treinamento dos benefícios que se espera alcançar e, em seguida, dividir esse valor, que representa o benefício líquido, do custo:

Benefícios = R$ 150.000,00

Custos = R$ 15.000,00

Benefícios – Custos = R$ 135.000,00

ROI = 135.000,00 / 15.000,00 = 9,0

Ou seja, para cada real investido no treinamento, houve um retorno de R$ 9,00 para a empresa.

Quanto custa

Mapear o ROI é uma missão onerosa e complexa. De acordo com a Price Waterhouse Coopers, algo entre 1% e 3% de um projeto de TI, que demora em média três meses, é consumido na montagem de um estudo de ROI. Outros institutos de pesquisa, como a IDC, questionam a aplicação do ROI, classificada como um desperdício de esforço e verbas.

Conclusão

Para uma boa parte das empresas que pretendem investir em projetos de redes, o Retorno do Investimento não é apenas uma abstração matemática, é uma questão de sobrevivência.

Existem vários métodos úteis para avaliar os resultados esperados de um projeto (melhoria da qualidade, aumento dos lucros, aumento da satisfação dos usuários e clientes, aumento de produção, aumento das vendas, redução de custos, etc) e o ROI é um deles.

Resumidamente, as principais questões que devem ser respondidas no estudo do ROI são: qual o custo total de implementação, quais são as fases de implementação e em quanto tempo o projeto se pagará.

Qualquer cálculo de ROI é um alvo em movimento, no qual os profissionais tentam refinar quais são os impactos das mudanças. Entretanto, os custos variáveis são definidos de forma muito mais concreta atualmente e este cálculo se torna um processo bastante interativo. Nesse contexto, o ROI pode oferecer um ponto de partida para determinar o valor da implementação de uma determinada solução de TI para avaliar o valor de um negócio.

José Maurício Santos Pinheiro
Professor Universitário, Projetista e Gestor de Redes, 
membro da BICSI, Aureside e IEC.

Autor dos livros:
 
· Guia Completo de Cabeamento de Redes ·
· Cabeamento Óptico ·
· Infraestrutura Elétrica para Redes de Computadores
·
· Biometria nos Sistemas Computacionais - Você é a Senha ·

E-mail: jm.pinheiro@projetoderedes.com.br

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