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Redes Móveis Ad Hoc
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José
Mauricio Santos Pinheiro em 05/04/2005
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Introdução
É grande o crescimento
das redes sem-fio. Nos últimos anos assistiu-se
a uma vasta proliferação de tecnologias de redes
wireless (WLAN) tais como Bluetooth, WiMAX, equipamentos
baseados na norma IEEE 802.11 (Wi-Fi) e novas tecnologias
estão chegando. Muitas pessoas carregam consigo
dispositivos portáteis tais como notebooks, telefones
celulares, PDA’s e mp3Players, para uso profissional
e pessoal.
Todos estes equipamentos
oferecem uma solução atraente aos usuários que pretendem
uma rápida e simples instalação sem os problemas
associados ao cabeamento. Entretanto, a maioria
destes dispositivos não se comunica entre si. Tecnologias
que utilizam redes móveis ad hoc podem permitir
que esses dispositivos portáteis possam se comunicar
e interagir entre si de forma espontânea.
Redes móveis sem
fio
Basicamente, existem
dois tipos de redes móveis sem fio: as redes infra-estruturadas
e as redes ad hoc:
Redes infra-estruturadas
Redes infra-estruturadas
são aquelas em que o Host Móvel (HM) está em contato
direto com uma Estação de Suporte à Mobilidade (ESM),
também conhecida como Ponto de Acesso (AP), na rede
fixa.
O funcionamento
deste tipo de rede móvel é semelhante ao da telefonia
celular, onde toda a comunicação deve, necessariamente,
passar pela central, mesmo que os equipamentos móveis
estejam a uma distância em que poderiam, eventualmente,
comunicar-se diretamente.

Figura 1- Rede Infra-Estruturada
Toda a comunicação
entre os nós móveis é feita através de estações
de suporte à mobilidade. Neste caso, os nós móveis,
mesmo próximos uns dos outros, estão impossibilitados
de realizar qualquer tipo de comunicação direta.
A figura anterior
mostra um modelo de comunicação em redes infra-estruturadas
onde as estações de suporte podem estar conectadas
a gateways que permitem a comunicação entre os nós
móveis e a parte fixa da rede.
Redes Ad Hoc
Outro tipo importante
de rede móvel é a rede ad hoc, também conhecida
como MANET (Mobile Ad hoc NETwork), onde
os dispositivos são capazes de trocar informações
diretamente entre si.
Ao contrário do
que ocorre em redes convencionais, não há pontos
de acesso, ou seja, não existem estações de suporte
à mobilidade (sem infra-estrutura de conexão) e
os nós dependem uns dos outros para manter a rede
conectada. Por esse motivo, redes ad hoc são indicadas
principalmente em situações onde não se pode, ou
não faz sentido, instalar uma rede fixa.

Figura 2 - Rede Ad Hoc
Os nós de uma rede
ad hoc podem se mover arbitrariamente. Deste modo,
a topologia da rede muda freqüentemente e de forma
imprevisível. Assim, a conectividade entre os nós
móveis muda constantemente, requerendo uma permanente
adaptação e reconfiguração de rotas.
Associado a esse
fato, limitações de banda passante e de energia
das baterias dos nós torna o roteamento, principalmente
o multiponto, em redes ad hoc um desafio.
Aplicações
Como citado, a utilização
de uma rede ad hoc está associada a cenários onde
exista uma necessidade de se instalar rapidamente
uma rede de comunicação. Normalmente, são situações
onde não há uma infra-estrutura de rede previamente
instalada. Algumas das aplicações possíveis para
redes tipo ad hoc são:
Coordenação de
resgates em situações de desastre;
Troca de informações
táticas em campos de batalha;
Compartilhamento
de informações em reuniões e aulas.
Vantagens
e Desvantagens
Várias vantagens
e desvantagens podem ser citadas ao se comparar
redes ad hoc com redes infra-estruturadas e com
redes fixas (cabeamento estruturado).
Vantagens
Instalação
rápida: Redes ad hoc
podem ser estabelecidas dinamicamente em locais
onde não haja previamente uma infra-estrutura
instalada;
Tolerância
à falhas: A permanente
adaptação e reconfiguração das rotas em redes
ad hoc permitem que perdas de conectividade entre
os nós possam ser facilmente resolvidas desde
que uma nova rota possa ser estabelecida;
Conectividade:
Dois nós móveis podem se comunicar diretamente
desde de que cada nó esteja dentro da área de
alcance do outro;
Mobilidade:
esta é uma vantagem
primordial com relação às redes fixas.
Desvantagens
Roteamento:
A mobilidade dos nós e uma topologia de rede dinâmica
contribuem diretamente para tornar a construção
de algoritmos de roteamento um dos principais
desafios em redes ad hoc;
Localização:
Uma questão importante em redes as hoc é a localização
de um nó, pois além do endereço da máquina não
ter relação com a posição atual do nó, também
não há informações geográficas que auxiliem na
determinação do posicionamento desse nó;
Taxa de erros:
A taxa de erros associada a enlaces sem-fio é
mais elevada quando comparada aos enlaces em redes
estruturadas;
Banda passante:
Com cabeamento convencional, a banda passante
pode chegar a 1Gbps. Nos enlaces via redes wireless
temos taxas de até 2Mbps tipicamente.
Protocolos de Roteamento
Não existe um consenso
sobre o tipo de protocolo de roteamento ad hoc que
seja adequado a todos os cenários. Cada protocolo
possui vantagens e desvantagens de acordo com situações
específicas. De acordo com o grupo de trabalho MANET
do IETF, há uma lista de qualidades desejáveis para
os protocolos de roteamento em redes ad hoc:
Operação distribuída;
O algoritmo
de roteamento deve evitar a formação de loops
de roteamento, mesmo que seja por curtos intervalos.
Soluções do tipo ad hoc como TTL (Time-to-Live)
devem ser evitadas, pois abordagens mais estruturadas
podem levar a um melhor desempenho;
As rotas devem
ser criadas somente quando um nó fonte deseja
estabelecer uma comunicação (operação sob demanda).
Deste modo, recursos como banda passante e energia
podem ser utilizados de forma mais eficiente.
A desvantagem é o tempo gasto na descoberta
de uma rota;
Operação pró-ativa,
onde as rotas são previamente armazenadas em
tabelas de roteamento. Essa operação é recomendada,
pois em certos cenários, a latência causada
pela utilização de protocolos de roteamento
que funcionem sob demanda pode ser inaceitável;
É desejável
a existência de técnicas de segurança para evitar
espionagem e modificação de dados transmitidos.
Sem alguma forma de segurança proporcionada
pela camada de rede ou de enlace, os algoritmos
de roteamento são vulneráveis a vários tipos
de ataques;
O protocolo
de roteamento deve se adaptar aos períodos de
inatividade dos nós sem maiores conseqüências,
mesmo que tais períodos sejam informados ou
não;
Suporte a enlaces
unidirecionais: no projeto de algoritmos de
roteamento, normalmente assumi-se que um enlace
é bidirecional e vários algoritmos não funcionam
quando operando em enlaces unidirecionais.
Protocolos Ad Hoc
Existem vários protocolos
de roteamento ad hoc. Tais protocolos devem lidar
com limitações típicas desses tipos de rede como
consumo de energia dos nós móveis, banda passante
limitada, e altas taxas de erro.
Basicamente, os
protocolos de roteamento ad hoc de dividem em dois
grupos: table-driven e on-demand.
Protocolos Table-Driven
Os protocolos do
tipo table-driven são aqueles que utilizam tabelas
de roteamento para manter a consistência das informações
de roteamento em todos os nós. Nesta classificação
estão incluídos os protocolos DSDV (Destination-Sequenced
Distance-Vector Routing), WRP (Wireless Routing
Protocol) e CGSR (Clusterhead Gateway Switch
Routing).
Protocolos On-Demand
Os protocolos do
tipo on-demand criam rotas somente quando desejado
por um nó fonte. Fazem parte desse grupo os protocolos
AODV (Ad Hoc On-Demand Distance Vector Routing),
DSR (Dynamic Source Routing), LMR (Lightweight
Mobile Routing), TORA (Temporally Ordered
Routing Algorithm), ABR (Associativity-Based
Routing) e SSR (Signal Stability Routing).
Algoritmos de Roteamento
Um dos problemas
fundamentais numa rede ad hoc é determinar e manter
as rotas, já que a mobilidade de um computador pode
causar mudanças na topologia. Vários algoritmos
de roteamento para redes ad hoc já foram propostos.
Estes algoritmos diferem na forma em que novas rotas
são determinadas e como as existentes são modificadas,
quando necessário.
De acordo com o
grupo de trabalho MANET, os algoritmos de roteamento
para redes ad hoc podem ser avaliados através das
seguintes métricas:
Vazão e atraso
fim-a-fim;
Tempo de aquisição
de rota: importante para os algoritmos de roteamento
que estabelecem rotas sob demanda;
Porcentagem de
pacotes entregue fora de ordem;
Eficiência: algumas
medidas podem ser obtidas para se verificar a
eficiência de um protocolo de roteamento. Um primeiro
exemplo é o número médio de bits de dados transmitidos
por bits de dados entregues. O objetivo é verificar
a eficiência na entrega de dados dentro da rede.
Outra medida possível é o número médio de bits
de controle transmitidos por bits de dados entregues.
Neste caso, pode-se verificar qual o overhead
causado pela parte de controle do algoritmo de
roteamento.
Comunicação em uma
rede Ad Hoc
As redes ad hoc
são classificadas como redes de comunicação direta
e redes de múltiplos saltos. Nas redes de comunicação
direta, cada dispositivo é capaz de comunicar-se
somente com dispositivos que estejam ao seu alcance.
Em redes ad hoc de múltiplos saltos, dois dispositivos
que são mutuamente inalcançáveis podem se comunicar
se houver pelo menos uma cadeia de dispositivos
que seja alcançável por ambos.
Em redes sem fio
infra-estruturadas a questão do alcance se resume
no dispositivo estar posicionado dentro de uma célula
da rede ou dentro do raio de atuação do ponto de
acesso. Já nas redes ad hoc os dispositivos podem
se comunicar diretamente desde que haja uma cadeia
de comunicação que permita o encaminhamento da informação
da origem até o destino (neste caso, atuam como
roteadores). Assim, o alcance não fica limitado
ao raio de ação de cada dispositivo individualmente,
mas à soma dos raios de ação de todos os dispositivos.
Por esse motivo, a localização momentânea de um
dispositivo com relação aos demais influi diretamente
na sua "alcançabilidade".
Por exemplo, em
uma rede Ad Hoc, uma rota entre dois computadores
pode ser formada por vários hops (saltos), através
de um ou mais dispositivos na rede. Na figura seguinte
os círculos demonstram o alcance da comunicação
das unidades móveis. Sendo assim, as mensagens de
A para D, por exemplo, devem passar por B e C para
chegar até D.

Figura 3 - Comunicação em rede Ad
Hoc
Resumo
Em redes sem infra-estrutura,
as denominadas redes ad hoc, todos os dispositivos
são capazes de estabelecer uma comunicação direta
com outros dispositivos da rede, não havendo a necessidade
de um ponto de acesso, ou seja, em uma rede móvel
ad hoc todos os dispositivos móveis podem se comunicar
diretamente através de enlaces sem fio. Nessa rede
também é possível o acesso aos equipamentos de uma
rede fixa, desde que exista algum tipo de infra-estrutura
disponível.
Convém salientar
ainda que o protocolo de comunicação da rede móvel
deve considerar certas características que não ocorrem
em uma rede fixa. É bom lembrar que os elementos
portáteis de uma rede ad hoc apresentam várias limitações
de recursos, principalmente largura de banda e autonomia
de bateria.
Inicialmente as
redes ad hoc foram pensadas para serem usadas em
caso de catástrofes onde seria impossível manter
uma rede fixa de apoio, como em situações de resgate,
tragédias naturais, aplicações militares, dentre
outras. Atualmente com o avanço dos dispositivos
portáteis e da comunicação sem fio, as aplicações
de redes ad hoc tornaram-se muito mais abrangentes.
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José
Maurício Santos Pinheiro
Professor Universitário, Projetista e Gestor
de Redes,
membro da BICSI, Aureside e IEC.
Autor dos livros:
· Guia Completo de Cabeamento de
Redes ·
· Cabeamento Óptico ·
· Infraestrutura Elétrica para Redes de Computadores ·
· Biometria nos Sistemas Computacionais - Você é a Senha ·
E-mail: jm.pinheiro@projetoderedes.com.br
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