O avanço tecnológico
experimentado pelas redes de computadores tem exigido
dos sistemas de telecomunicações a capacidade de
atender aos constantes aumentos das taxas de transmissão
para os diversos sistemas de informação. Nesse quadro,
as redes ópticas se apresentam como a alternativa
tecnológica mais viável e assim, as fibras ópticas
vêm substituindo gradativamente os cabos metálicos
na infra-estrutura das redes de telecomunicações
e aumentando potencialmente a capacidade e a confiabilidade
dos sistemas de comunicação existentes.
Embora a capacidade
máxima de transmissão de uma fibra óptica ainda
seja desconhecida, uma vez que ainda existam limitações
tecnológicas impostas pelos equipamentos eletrônicos
que codificam os pulsos luminosos, pesquisadores
estimam uma capacidade máxima de transmissão para
as atuais fibras ópticas em torno de 25Tbps a 50Tbps
(terabits por segundo: 1Tbps = 1000Gbps), por fibra.
Para compreender o que significa este valor, um
cálculo aproximado mostra que a capacidade de uma
única fibra óptica poderia acomodar o tráfego gerado
pelo uso simultâneo de cerca de 800 milhões de telefones
fixos. Cabe aqui observar que, apesar dos constantes
aumentos nas velocidades das interfaces eletrônicas,
os sistemas ópticos mais modernos chegam a apenas
0,04% dessa capacidade teórica das fibras.
Um sistema de transmissão
por fibras ópticas é constituído basicamente por
um transmissor e um receptor ópticos, mais um cabo
de fibra óptica. O transmissor é composto por um
dispositivo emissor de luz e um circuito driver
associado que tem funções de polarização elétrica
e de comando da emissão de potência luminosa pelo
dispositivo emissor de luz. O dispositivo emissor
de luz é o elemento ativo básico do sistema, responsável
pela conversão eletro-óptica dos sinais. Dois tipos
de dispositivos são normalmente utilizados como
fontes luminosas em sistemas de transmissão por
fibras ópticas: diodos laser (LD’s) e diodos
eletroluminescentes (LED’s).
Já o receptor óptico
compõe-se de um dispositivo fotodetector e de um
estágio eletrônico de amplificação e filtragem.
O dispositivo fotodetector é o responsável pela
detecção e conversão de sinal luminoso em sinal
elétrico. Os fotodetectores mais comuns são os fotodiodos
PIN e os fotodiodos de avalanche (APD’s).
De um modo geral, os receptores ópticos equipados
com fotodiodos de avalanche apresentam desempenho
superior aos com fotodiodos PIN.
Figura 1 - Sistema básico de
comunicação por fibras ópticas
Assim como acontece
nos meios de transmissão que utilizam sinais eletromagnéticos
(como os sinais de rádio, por exemplo), também é
possível nos meios ópticos transmitir simultaneamente
por uma mesma fibra diferentes sinais codificados
com comprimentos de onda diferentes, explorando
a largura de banda da fibra e com isso aumentando-se
a taxa efetiva de transmissão. Convém ressaltar
que as freqüências associadas aos sistemas de comunicação
por fibras ópticas são referenciadas em termos de
comprimentos de onda a fim de diferenciá-las dos
sistemas eletromagnéticos convencionais. Este comprimento
de onda está localizado na faixa que vai de 1,3
a 1,6 µm.
A maneira mais eficiente
de se beneficiar da largura de banda consiste na
utilização de vários comprimentos de onda dentro
da mesma fibra, o que é denominado multiplexação
por divisão de comprimento de onda. Atualmente é
possível realizar esse processo de multiplexação
utilizando uma técnica conhecida justamente como
multiplexação por divisão do comprimento de onda
ou WDM (Wavelength-Division Multiplexing). Esta
técnica permite a expansão da capacidade dos sistemas
ópticos sem a necessidade de instalação de novas
fibras, pois permite transformar uma única fibra
óptica em várias fibras virtuais, cada uma destas
transportando sinais com comprimentos de onda diferentes,
independentemente do formato dos dados transportados.
Embora a taxa de transmissão seja relativamente
mais baixa (compatível com as velocidades eletrônicas),
a taxa agregada passa a ser elevada, sendo possível
uma taxa efetiva de transmissão em torno de 1,6Tbps
por fibra, ou seja, cerca de 3,5% do limite teórico.
A tecnologia WDM
foi concebida inicialmente para usar somente dois
comprimentos de onda. Entretanto, o desenvolvimento
de amplificadores ópticos utilizando a fibra óptica
dopada com érbio, os EDFA (Erbium Doped Fiber Amplifier),
implicou no surgimento de sistemas comerciais WDM
que comportam 8, 16 e 40 canais. Convencionou-se
a partir daí que os que sistemas WDM com número
de canais superior a 16 receberiam a denominação
de sistemas WDM Denso ou DWDM (Dense Wavelength-Division
Multiplexing) e CWDM (Course Wavelength-Division
Multiplexing).
As tecnologias baseadas
em WDM (CWDM e DWDM) oferecem suporte aos projetos
de redes de alta performance para aplicações como
ensino à distância, sistemas remotos, telemedicina,
entre outros. Essas tecnologias são as que melhor
se adaptam às novas necessidades das redes de comunicação,
pois utilizam a infra-estrutura de fibras ópticas
existentes que, através de multiplexação por comprimento
de onda, possibilitam o aumento da capacidade de
tráfego dessas redes.
Entretanto, a grande
maioria das redes ópticas atualmente em uso utiliza
mecanismos de conversão eletro-óptica que possibilitam
o roteamento dos sinais ao nível eletrônico, mas
que também são responsáveis por adicionar atrasos,
além de encarecer os equipamentos de comunicação.
O processamento dos sinais ao nível do transmissor
e do receptor óptico é, em geral, feito eletricamente.
Dessa forma, os esquemas de comutação utilizados
nessas redes são baseados em circuitos eletrônicos
que não são capazes de prover a velocidade necessária
exigida pela demanda. A limitação desses sistemas
ópticos se acentua nos pontos de comutação da rede
onde se faz necessária uma conversão dos impulsos
de luz em impulsos elétricos, ou seja, a informação
chega em forma de luz e, em seguida, é convertida
para impulsos elétricos, processados e convertidos
novamente como luz. Como mencionado essa tarefa
de conversão entre os domínios óptico e elétrico,
gera retardos o que limita a taxa de transmissão
de todo o sistema.
Para resolver esse
problema estão sendo desenvolvidas redes capazes
de realizar o roteamento ao nível óptico, onde toda
a comutação ou roteamento é controlada por feixes
de luz, eliminando o overhead da conversão opto-eletrônica.
Nessas redes totalmente ópticas os equipamentos
do núcleo da rede dispensam a conversão eletrônica
(pelo menos para tratamento dos dados), executando
a comutação da informação por meios puramente ópticos.
Uma das técnicas
que possibilita a comutação totalmente óptica é
a combinação de equipamentos de comutação com interfaces
WDM utilizando os conceitos da telefonia baseada
em comutação por circuitos. Aloca-se um canal dedicado
entre cada par de comutadores e cada canal passa
a corresponder a um comprimento de onda diferente
no enlace. Para possibilitar a comutação óptica
basta mudar o comprimento de onda do feixe de dados
que está chegando ao comutador, antes de retransmiti-lo
ao próximo enlace. Outra possibilidade é utilizar
um esquema baseado em DWDM, onde é possível tornar
toda a rede roteada por vários comprimentos de onda
diferentes. Muitas vantagens advêm do uso deste
esquema, como a capacidade de operação entre várias
redes, a ampliação modular e a transparência em
relação ao formato dos sinais transportados.
Mais recentemente
surgiu no mercado de telecomunicações uma nova tecnologia
de rede conhecida como Metro Gigabit Ethernet, ou
simplesmente Metro Ethernet. Trata-se de uma solução
baseada em meios totalmente ópticos que traz a possibilidade
de interconexão de várias redes locais, integrando
estas em um único ambiente como se estivessem nos
mesmos endereços físicos, criando uma rede metropolitana
com taxas de transmissão de dados chegando atualmente
a 1Gbps. Essa integração proporcionada pela rede
óptica possibilita uma redução considerável de custos
com infra-estrutura e mão-de-obra, possibilitando
o aumento da produtividade da rede e permitindo
ainda aplicações que necessitam de alto desempenho,
tais como vídeo, e-learning e telemedicina.
O uso das técnicas
multiplexação por divisão em comprimento de onda
(WDM) em fibras ópticas deu origem, por sua vez,
aos sistemas baseados em multiplexação óptica.
Embora não constituam propriamente sistemas
de comunicações com fibras ópticas, estão associados
ao desenvolvimento das tecnologias correspondentes
a outros tipos de sistemas ópticos.
A tecnologia de
comutação totalmente óptica tornou-se importante
para o futuro das redes de altas velocidades e a
alocação e reutilização de comprimentos de onda
têm sido apresentadas como uma técnica promissora
para tornar as redes ópticas mais flexíveis.