O planejamento de
projetos requer conhecimentos, habilidades, ferramentas
e técnicas que possibilitem alcançar ou exceder as
necessidades e as expectativas dos seus empreendedores.
A necessidade de planejamento é algo que a maioria
dos profissionais de redes comenta, entende do que
se trata, discursa e discute a respeito até com certa
propriedade, muitas vezes buscando demonstrar um profundo
conhecimento. No entanto, são poucos aqueles que realmente
planejam ou executam seus planos e atividades, ou
seja, os que organizam seus passos utilizando metodologia,
pesquisa e bom senso no planejamento.
É claro que ter tudo
sobre controle, tudo organizado o tempo todo é uma
utopia. Há toda uma miríade de problemas diários,
cumprimento de prazos, ações que dependem de terceiros
e outros fatores que afetam qualquer planejamento.
Mas, independentemente desses fatores, planejar nunca
deixou de ser tão importante ou vital na maioria das
questões relativas ao projeto de redes de comunicação.
Planejar sempre que possível é a questão fundamental.
Tudo o que é feito sem o mínimo de planejamento tem
alguma chance de dar certo e uma grande chance de
dar muito errado ou, no mínimo, apresentar inúmeros
resultados inesperados.
Por outro lado, pesquisar
também faz parte da atividade de planejamento e, geralmente,
é onde começa a elaboração de qualquer projeto. Planejar
uma rede de comunicação requer um estudo minucioso
das condições do local, da infra-estrutura existente,
equipamentos, levantamento do perfil dos usuários
e das aplicações que serão usadas, dentre outros.
Esta pesquisa é o que conhecemos por "site
survey".
Um projeto é definido
formalmente como um trabalho não repetitivo e temporário
caracterizado por uma seqüência clara e lógica de
eventos (possui data para início e término), tendo
como finalidade produzir um bem (produto ou serviço)
com características próprias que o diferenciam de
outros que, eventualmente, já existam, sendo conduzido
por pessoas, dentro de parâmetros de tempo, custo,
recursos e qualidade. Projetos bem estruturados garantem
o retorno esperado, dentro do tempo e orçamento determinados.
Respostas a perguntas simples podem ser o divisor
de águas entre o bom e o mau planejamento de um projeto:
Quais os motivos
para a implantação do projeto?
Qual o limite do
orçamento para este investimento?
Os envolvidos detém
o conhecimento necessário para realizar o projeto?
Há recursos materiais
e humanos disponíveis?
Todas as etapas
necessárias à execução do projeto são bem conhecidas
e dominadas por todos os envolvidos?
Quanto tempo para
executar todas as atividades? Esse tempo é coerente?
Questionamentos como
estes são sempre necessários. O problema é que há
uma tendência a limitar o planejamento e pesquisar
pouco sobre as atividades envolvidas. Toda atividade
de pesquisa ajuda a selecionar fontes de informação
confiáveis, ajudando na obtenção de resultados positivos.
Ou seja, o profissional que deseja planejar, deve
aprender a pesquisar.
As fases de um projeto
dependem do que se precisa versus o que se
quer e quanto custa, ou seja, a relação equilibrada
entre recursos, benefícios e custos. Muitas vezes
a razão para um retorno negativo após a conclusão
de um projeto está em uma falha ocorrida no planejamento,
no momento de se fazer três estimativas importantes:
o custo para a implantação, os benefícios a serem
alcançados e os recursos disponíveis. Para que um
projeto seja viável, ele deve prover benefícios que
excedam os custos e não deve vincular custos que excedam
os recursos disponíveis (Figura 1).
Entretanto, muitas
vezes o que prevalece quando um projeto de rede é
implementado é o custo, desequilibrando a relação
com os demais fatores. Talvez isso ocorra porque os
responsáveis pela escolha das soluções estejam vinculados
a uma atividade mais administrativa do que técnica,
ou porque boa parte dos técnicos acredita que este
aspecto (o financeiro) não faz parte do escopo de
sua atividade. Em outros momentos, a falta de conhecimento
e oportunidade de um envolvimento maior na fase de
pesquisa acabam conduzindo para esse mesmo caminho.
Na ânsia de chegar aos requisitos técnicos, algumas
vezes os projetistas ignoram detalhes não técnicos,
e isto é um grande equívoco para o sucesso do projeto.
Figura
1 - Custos x benefícios x recursos
O que deve prevalecer,
de fato, é a idéia de que buscar informações, estudar
e analisar é mais importante do que somente adquirir
novíssimas tecnologias ou sofisticados sistemas. A
melhor tecnologia ou o sistema mais eficiente nunca
serão melhores do que o projeto elaborado para utilizar
esses recursos e oferecer a melhor performance. De
qualquer forma, um projeto só deve ser iniciado se
houver pessoal e condições de terminá-lo, ou seja,
se não há condições de se custear as diversas etapas,
o projeto não deve ser aprovado ou iniciado. Da mesma
forma, se não houver profissionais que possam executar
o que foi planejado deve-se aguardar o momento mais
oportuno para iniciar o empreendimento.
Na maioria das vezes
existe uma tendência de examinar um projeto como um
todo, com um custo e benefício únicos. Entretanto,
cada etapa rende seus próprios benefícios, acarreta
seus próprios custos e, na mesma medida, exige recursos
próprios. Então, torna-se necessário analisar cada
um dos aspectos (custos, benefícios e recursos) individualmente
(Figura 2). Esse processo de itenização do projeto
relaciona-se com quatro motivos principais: primeiro,
para apoiar a decisão de como cada etapa deve ser
realizada; segundo, para determinar como essas etapas
deverão ser implementadas; terceiro, para auxiliar
na decisão do que antecipar, retardar e mesmo corrigir
ou cancelar, de forma que o projeto ainda possa prosseguir
mesmo com recursos menores; e quarto, para estimar
os custos e benefícios totais obtidos com a implementação
do projeto.
Figura
2 - Itenização das etapas de um projeto
É sempre bom ter em
mente que a informação é uma moeda de grande valor
na atualidade e deve ser adequadamente tratada. Conhecer,
pesquisar, analisar e planejar são os pilares que
permitem a execução de um bom projeto de redes de
comunicação e que deixam à vontade o profissional
para conduzir, corrigir ou mesmo mudar os rumos do
empreendimento. Neste momento, o planejamento pode
evidenciar as situações em que o desejado e o realizado
apresentam variações, permitindo identificar as atividades
que saíram do caminho traçado originalmente e possibilitando
ações que possam reconduzir o projeto ao rumo desejado.