::
Cuidados na Elaboração de uma Redação
Científica
|
José
Mauricio Santos Pinheiro em 21/04/2005
|
Os princípios indispensáveis
à redação científica podem ser resumidos em quatro
pontos fundamentais: clareza, precisão, comunicabilidade
e consistência. Um texto é claro quando não deixa
margem a interpretações diferentes da que o autor
quer comunicar. Uma linguagem muito rebuscada que
utiliza termos desnecessários desvia a atenção de
quem lê e pode confundir.
Um texto é claro quando
utiliza uma linguagem precisa, Isto é, cada palavra
empregada traduz exatamente o pensamento que se deseja
transmitir. é mais fácil ser preciso na linguagem
científica do que na literária, na qual a escolha
de termos é bem mais ampla. De qualquer forma, a seleção
dos termos e a cautela no uso de expressões coloquiais
devem estar sempre presentes na redação acadêmica.
Já a comunicabilidade
é essencial na linguagem científica, em que os temas
devem ser abordados de maneira direta e simples, com
lógica e continuidade no desenvolvimento das idéias.
É muito desagradável uma leitura em que frases substituem
simples palavras ou quando a sequência das idéias
apresentadas é interrompida atrapalhando o entendimento.
Finalmente, o princípio
da consistência é um importante elemento do estilo
e pode ser considerado sob três dimensões: expressão
gramatical (por exemplo, um erro comum que ocorre
na enumeração de itens: o primeiro é substantivo,
o segundo uma frase e o terceiro um período completo);
categoria (as seções de um capítulo devem manter
um equilíbrio, ou seja, conteúdos semelhantes); sequência
(a sequência adotada para a apresentação do conteúdo
deve refletir uma organização lógica).
Qualidades de um bom
texto
Um texto científico,
por natureza, é uma redação dissertativa, com as tradicionais
frases: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão, devendo
ser completo em si mesmo.
A redação de trabalhos
acadêmicos e de artigos técnicos possui algumas características
que devem ser obedecidas pelo autor para que a transmissão
da informação e a sua compreensão por parte do leitor
sejam eficazes. Vale aqui uma regra básica: ao redigir,
coloque-se sempre na posição do leitor.
Alguns dos princípios
básicos desta interação que deve existir entre autor
e leitor são os seguintes:
Clareza de
expressão - Tudo que
tiver sido escrito deve ser perfeitamente compreensível
pelo leitor, ou seja, este não deve ter nenhuma
dificuldade para entender o texto. Com esse fim,
o autor deve ler cuidadosamente o que escreveu
como se fosse o próprio leitor. Se o autor "tropeçar"
na leitura, imagine como será com o leitor;
Objetividade
na apresentação - Convém
escolher criteriosamente o material que será utilizado
no texto de uma dissertação, tese, monografia
ou artigo. O autor deve selecionar a informação
disponível e apresentar somente o que for relevante.
Este aspecto é ainda mais importante em um artigo,
em que a concisão é geralmente desejada pelo leitor;
Precisão na
linguagem - A linguagem
científica deve ser precisa e as palavras e seus
acompanhantes (figuras, gráficos, tabelas, etc)
necessitam ser decodificadas pelo leitor à medida
que este percorre o texto. As palavras e acompanhantes
que entrarão no texto devem ser escolhidas com
cuidado para exprimir exatamente o que se tem
em mente;
Utilização
correta das regras da língua
- Escrever erradamente pode resultar de ignorâcia
ou de desleixo. Se for por ignorância o melhor
é consultar dicionários e textos de gramática.
Se for por desleixo, o leitor (e membro da Banca
Examinadora) terá todo direito de pensar que o
trabalho em si também foi feito com desleixo.
Seja qual for a razão, sempre será um desrespeito
ao leitor.
Estrutura de Projeto
de Pesquisa
O Projeto de Pesquisa
é uma proposta específica e detalhada, com o objetivo
de definir uma questão e a forma pela qual ela será
investigada, estando sujeito a modificações durante
o seu desenvolvimento. Portanto, o projeto de pesquisa
é um documento que contempla a descrição da pesquisa
em seus aspectos fundamentais, informações relativas
ao sujeito da pesquisa, à qualificação dos pesquisadores
e a todas as instâncias responsáveis.
Um Projeto de Pesquisa
é, em geral, estruturado em três partes, sendo composto
de elementos pré-textuais (preliminares), formado
por capa e sumário, por elementos textuais (Introdução,
Objetivos, Justificativa e Metodologia) e elementos
pós-textuais (Cronograma, Bibliografia e anexos).
Um projeto de pesquisa
deve ser apresentado de maneira clara e de forma resumida,
porém nem todos os modelos de projetos de pesquisa
incluem uma introdução com esse fim. Muitas vezes
passa-se diretamente aos objetivos propostos. Mas
é bom não esquecer de que quem lê um projeto lê outro.
É sempre conveniente, portanto, introduzir o tema
da pesquisa, procurando captar a atenção do leitor/avaliador
para a proposta. A redação também deve ser correta
e bem cuidada.
Estrutura da Dissertação
ou da Tese
A dissertação/tese
é um tipo de composição na qual expomos idéias gerais,
seguidas da apresentação de argumentos que as comprovem.
Assim, a dissertação assume um caráter totalmente
diferenciado, na medida em que não fala de pessoas
ou fatos específicos, mas analisa certos assuntos
que são abordados de modo impessoal.
Uma dissertação/tese
é, em geral, dividida em três partes principais: Preliminar,
Corpo Principal e Apêndice, cada qual compreendendo
os seguintes pontos:
Preliminar:
Capa:
nome do autor, título da dissertação/tese, curso,
local, ano;
Folha
de rosto:
nome do autor, título da dissertação/tese, banca
examinadora, data da defesa;
Folha
iii:
local de realização do trabalho, nome do orientador,
Instituição à qual o orientador está vinculado;
Ficha
catalográfica:
nome do autor, título da dissertação/tese, número
de páginas (em algarismos romanos e arábicos),
especificação do grau do curso, palavras-chave,
informações finais;
Dedicatória
(opcional);
Agradecimentos
(opcional)
Resumo
em Português:
não deve exceder 900 caracteres (aproximadamente
150 palavras datilografadas em 15 linhas);
Resumo
em Inglês (abstract):
não deve exceder 900 caracteres (aproximadamente
150 palavras datilografadas em 15 linhas). Deve
conter o título da dissertação/tese em inglês
e key words;
Sumário
ou índice;
Índice
das figuras, tabelas, quadros, etc.
Corpo Principal:
Cada capítulo do
Corpo Principal da dissertação/tese deve ser iniciado
em página à parte.
Introdução;
Revisão
da Literatura;
Material e
Métodos;
Resultados;
Discussão;
Conclusões;
Referências
Bibliográficas.
Apêndice:
Pode incluir:
Tabelas, quadros
e figuras não incluídas no texto;
Índice remissivo;
Glossário;
Outros anexos.
Estrutura da Monografia
A origem histórica
da palavra "monografia" vem da especificação,
ou seja, a redução da abordagem a um só assunto, a
um só problema. Seu sentido etimológico significa:
mónos (um só) e graphein (escrever): dissertação a
respeito de um assunto único.
A monografia é um
trabalho acadêmico que tem como objetivo a reflexão
sobre um tema ou problema específico e que resulta
de um processo de investigação sistemática. Ela implica
na análise, crítica, reflexão e aprofundamento por
parte do autor sobre o tema abordado.
A monografia tem dois
sentidos: O Estrito, que se identifica com a tese:
tratamento escrito de um tema específico que resulte
de pesquisa científica com o escopo de apresentar
uma contribuição relevante ou original e pessoal à
ciência. E o Lato, que identifica com todo trabalho
científico de primeira mão, que resulte de pesquisa:
dissertações científicas, de mestrado, memórias científicas,
os college papers das universidades americanas, os
informes científicos ou técnicos e obviamente a própria
monografia no sentido acadêmico, ou seja, o tratamento
escrito aprofundado de um só assunto, de maneira descritiva
e analítica, onde a reflexão é a ténica (está entre
o ensaio e a tese e nem sempre se origina de outro
tipo de pesquisa que não seja a bibliografia e a de
documentação).
As monografias de
final de curso, conhecidas como TCC são Trabalhos de
Conclusão de Curso, realizadas ao final dos cursos
de graduação ou as exigidas para a obtenção de créditos
em disciplinas diferem das dissertações de mestrado
e teses de doutorado quanto ao nível de investigação.
Destas últimas é exigido um maior grau de aprofundamento
teórico, um tratamento metodológico mais rigoroso
e um enfoque original do problema, dando ao tema uma
abordagem e interpretação novas, tanto no aspecto
teórico quanto no metodológico.
A monografia é um
trabalho escrito e como tal podemos utilizar recursos
para facilitar a tarefa de redigir:
Redação Provisória:
fazer primeiramente um esboço, rascunho, planejamento
do texto;
Redação Definitiva:
Consta das três partes básicas da construção da
monografia: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão;
Estrutura
Material: a monografia
deve agradar ao público a que se destina, bem
como obedecer às normas técnicas vigentes;
Linguagem
Científica: existe a
tendência em se descuidar da linguagem quando
se redige um trabalho científico. Deve-se atentar
para uma correção gramatical e exposição clara
e objetiva condizente com a redação científica.
No projeto de monografia
devem constar os seguintes itens:
Folha de rosto
com dados gerais de identificação do autor;
Tempo de Compromisso
do orientador;
Capítulo introdutório
com a caracterização do problema a ser investigado,
os objetivos claramente definidos, a delimitação
do estudo e a definição de termos, além de uma
revisão preliminar da literatura;
Detalhamento da
metodologia a ser utilizada;
Cronograma;
Lista de referências.
Conclusão
Da redação científica
espera-se organização geral predizível, lógica, elegância,
simplicidade, concisão, propriedade sintática e clareza
semântica. Não se escreve da noite para o dia, e não
se escreve sem leituras e estudos anteriores. Para
que um texto científico venha a reunir todas estas
características, seu autor deve conhecer modelos literários
apropriados e ter passado por uma experiência de redação
científica sistemática.
Ao escrever o autor
deve observar sempre as características do leitor.
Quanto mais especializado ele é, mais técnico deve
ser o texto. Todavia, independente do público ao qual
se destina, o texto deve respeitar as regras gramaticais
da língua e da normalização de documentos (citações,
referências, etc).
Os princípios e recomendações
aqui apresentados não devem ser, entretanto, tão rigidamente
observados a ponto de inibirem o estilo pessoal. Não
têm, também, a pretensão de garantir uma boa qualidade
da redação, da mesma forma que o conhecimento de regras
gramaticais não garante a boa qualidade da comunicação.
|
José
Maurício Santos Pinheiro
Professor Universitário, Projetista e Gestor
de Redes,
membro da BICSI, Aureside e IEC.
Autor dos livros:
· Guia Completo de Cabeamento de
Redes ·
· Cabeamento Óptico ·
· Infraestrutura Elétrica para Redes de Computadores ·
· Biometria nos Sistemas Computacionais - Você é a Senha ·
E-mail: jm.pinheiro@projetoderedes.com.br
|
|