Para implementar um
novo projeto de rede de computadores é necessário
compreender e caracterizar com precisão a rede existente,
traçando um perfil das suas necessidades atuais e
futuras. Para tanto é importante analisar todas as
informações disponíveis sob dois aspectos distintos:
primeiro, avaliar os dados não-técnicos relacionados
com os objetivos, metas e restrições impostas ao projeto
pelo seu solicitante. Tais informações são essenciais
para a perfeita compreensão das tendências de crescimento
esperado para o negócio, da estrutura da empresa e
as políticas que poderão afetar o andamento do projeto.
O segundo aspecto é avaliar as informações técnicas
disponíveis sobre a situação atual da rede, fazendo
uma distinção entre as informações administrativas
e os dados técnicos.
Analisando o perfil
do cliente
Como o objetivo é
compreender a situação da rede existente, todas as
informações coletadas junto ao cliente (administrativas
e técnicas) devem ser devidamente analisadas para
verificar uma possível relação entre elas visando
encontrar quaisquer possíveis relacionamentos com
problemas.
Avaliar e compreender
essas informações sobre o perfil do solicitante ajuda
a caracterizar o tipo do negócio e as possíveis restrições,
além de permitir um conhecimento inicial das necessidades
de melhoria da rede atual. Os dados levantados, referentes
ao perfil do cliente, auxiliam a determinar alguns
pontos importantes que guiarão a execução do projeto
da nova rede.
Determinar o tipo
de negócio do cliente e quais são seus objetivos em
termos de crescimento futuro a curto, médio e longo
prazo ajuda a definir as necessidades de escalabilidade
da rede, além de auxiliar no entendimento do retorno
do investimento que o cliente pretende obter com as
melhorias.
Considerando que um
projeto de rede de computadores normalmente se assemelha
com a estrutura corporativa do cliente e deve atender
a esta, um organograma ou outro documento similar
será de grande importância para a compreensão da estrutura
atual. Neste caso, as informações mais relevantes
dizem respeito à hierarquia e a forma como as áreas
da empresa interagem umas com as outras.
Outra informação importante
diz respeito à estrutura geográfica, ou seja, como
a empresa está distribuída geograficamente e a influência
dessa disposição sobre a estrutura da rede corporativa.
Essa avaliação auxilia na caracterização das principais
comunidades de usuários e localização dos aplicativos
de rede.
Implicações funcionais
O projeto da nova
rede deve atender com flexibilidade as necessidades
atuais dos usuários, bem como suportar o crescimento
e expansão dos negócios, o que pode implicar na necessidade
de treinamento de uma equipe de suporte maior no futuro.
Por esse motivo é importante levantar junto aos usuários
como as mudanças na rede irão afeta-los em termos
operacionais e departamentais e quantos especialistas
em redes existem na equipe atual. De posse dessas
informações ficará mais fácil determinar como o projeto
e a implementação de uma nova rede afetarão as pessoas
e processos na empresa, ou seja, até que ponto o novo
projeto poderá acarretar mudanças nos cargos e departamentos
(até mesmo a extinção de alguns) e se haverá a necessidade
de aumentar a equipe de suporte para a nova rede.
As doze etapas
Antes de iniciar um
novo projeto de rede é necessário compreender qual
a situação da rede existente e qual será o impacto
do projeto sobre esse ambiente. Para descrever com
maior precisão a situação da rede atual pode-se adotar
uma lista que inclui doze etapas que facilitam a análise
da rede existente. São elas:
Caracterização
das aplicações do cliente
- esta etapa envolve a criação de uma tabela detalhada
que tem como objetivo documentar todas as aplicações
em uso na rede atual do cliente. Uma análise adequada
das necessidades apresentadas pelo cliente pode ajudar
na delimitação das aplicações que necessitam ser documentadas.
Essa tabela deve apresentar alguns campos essenciais
como o nome da aplicação, o tipo da aplicação (banco
de dados, internet, e-mail, etc), número de usuários
que a utilizam, número de hosts ou servidores para
cada aplicação, entre outros.
Caracterização
dos protocolos de rede -
a etapa de documentação dos protocolos de rede pode
ser conduzida de forma semelhante à coleta de informações
sobre as aplicações. Para tanto uma outra tabela deve
ser criada incluindo informações sobre os protocolos
em execução na rede, o tipo de protocolo (roteamento,
LAN, de servidor, etc), número de usuários, número
de hosts ou servidores que os utilizam, entre outros.
Documentação da
rede atual - inclui o levantamento
de toda a documentação existente sobre a rede atual,
os esquemas de endereçamento (se houver) e a documentação
referente a rede (diagramas, arquitetura, fluxo de
dados, etc).
Identificação
dos possíveis gargalos -
nessa etapa deve-se procurar identificar os enlaces
ou segmentos que estejam parcial ou totalmente utilizados,
em virtude do tráfego de broadcast / multicast que
passa por eles, ou que seriam esgotados se um tráfego
adicional fosse introduzido por uma nova aplicação.
Identificação
das restrições do projeto - é necessário documentar e identificar os dados não-técnicos
do cliente, pois essas informações têm algum impacto
no processo de construção e implementação do projeto
de rede. Deve-se conhecer o negócio e a estrutura
da empresa, analisar seu fluxo de informações e identificar
as operações mais importantes, as políticas referentes
aos fornecedores, soluções adotadas, protocolos, plataformas
operacionais, concorrentes, experiência técnica do
cliente, etc.
Caracterização
da disponibilidade da rede existente
- as informações anteriormente coletadas servem como
parâmetro para determinar o custo relacionado ao tempo
em que a rede fica inoperante e, consequentemente,
servirão ao planejamento e implementação do projeto
da nova rede. Nesse momento é importante reconhecer
quais os segmentos mais importantes da rede, se existe
alguma documentação sobre a disponibilidade dos segmentos
da rede atual relatando os tipos de falhas, as causas,
o tempo de inatividade, qual o custo dessa inatividade
por hora, por departamento e qual o custo de uma falha
na rede, considerando a rede corporativa.
Caracterização
do desempenho da rede -
significa determinar os tempos de resposta entre os
hosts, dispositivos e aplicações utilizadas. Essas
informações podem ser colocadas na forma de tabelas
para análise e futuras comparações.
Confiabilidade
da rede existente - a análise
da confiabilidade da rede existente deve ser cuidadosamente
planejada a fim de obter dados confiáveis sobre o
tráfego da rede atual. Nessa fase é interessante usar
um analisador de protocolo ou outra ferramenta de
gerenciamento para avaliar a confiabilidade da rede.
Entre as informações levantadas está o total de bytes
trafegados, número de quadros de broadcast / multicast,
número de erros de CRC, entre outras.
Utilização da
rede existente - utilizando uma ferramenta de gerenciamento é possível
caracterizar a utilização da rede pela coleta de dados
para cada protocolo e de cada segmento. Essa análise
é importante no momento de determinar as causas de
tráfego excessivo em determinados segmentos e as restrições
de largura de banda.
Caracterização
dos roteadores principais
- a obtenção de informações estatísticas dos roteadores
da rede existente pode ser feita com facilidade utilizando
os comandos disponíveis nos próprios roteadores e
podem ser feitos a qualquer momento durante a operação
da rede.
Caracterização
das ferramentas de gerenciamento
- é necessário documentar as ferramentas de gerenciamento
em uso na rede atual (ou sua inexistência), bem como
as ferramentas introduzidas para coletar as informações
para o projeto da nova rede.
Resumo do estado
da rede existente - uma
lista de verificação com as diretrizes referentes
ao estado da rede atual pode ser muito útil para avaliar
suas condições operacionais. O conteúdo desta lista
deve ser ajustado conforme o ambiente em que se encontra
a rede. Nesta lista devem constar informações tais
como o item verificado, sua condição atual, os resultados
esperados, a razão do desvio, entre outros.