Alternativas para o Aquecimento
Global
Um dos temas mais
debatidos na atualidade são o aquecimento global e
seus efeitos sobre a Terra, o homem e o meio ambiente.
Muitas pesquisas estão sendo realizadas para avaliar
os resultados dos danos causados pelo homem ao meio
ambiente. A primeira parte do relatório do Painel
Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC -
Intergovernamental Panel on Climate Change), divulgada
em fevereiro de 2007, indica que o aquecimento global
é causado, fundamentalmente, pela atividade humana
e que seus efeitos no clima continuarão pelos próximos
séculos mesmo que ocorra um corte substancial nas
emissões dos gases causadores do efeito estufa.
O mau uso da tecnologia
pode trazer conseq�ências nefastas para o meio ambiente
e sérias implicações sobre a qualidade de vida. A
tecnologia permite ao ser humano maior conforto e
facilita seu acesso aos bens de consumo, o que faz
com que cada vez mais recursos sejam utilizados, muitas
vezes sem controle algum. � necessário maior volume
de energia, mais matéria-prima, novos recursos logísticos
para controle, transporte, armazenagem, etc., o que
também, em muitos casos, acarreta novas agressões
ao meio ambiente. Mas, ao mesmo tempo, é a tecnologia
que nos permite detectar e medir esses níveis de agressão
e é através dessa mesma tecnologia que podemos desenvolver
soluções mais eficientes e limpas para preservar o
meio ambiente.
Automação e Aquecimento
Global
Quando se pensa em
desenvolvimento sustentável é comum encontrar algumas
dificuldades como limites de orçamento e prazos, ausência
de recursos de toda espécie, que nos deixam com o
problema de sermos nem tão eficientes quanto podemos,
nem tão eficazes quanto queremos. O que se faz é buscar,
a todo o momento, novas estratégias para obter maior
eficiência e produtividade, contornando as limitações
que surgem no caminho.
Por outro lado, as
pressões financeiras, comerciais, governamentais e
das entidades ambientalistas levam cada vez mais o
setor industrial a investir pesadamente numa política
ambiental mais eficiente. Neste aspecto, abre-se para
a automação um campo altamente favorável e promissor
para novos investimentos e a pesquisa de novas técnicas
visando uma produção industrial com consumo cada vez
menor de energia e maior reciclagem de matérias primas
e insumos.
Em tempos de aquecimento
global, a automação entra para o dia-a-dia das ind�strias
com o propósito de gerenciar eficientemente as condições
ambientais, seja pelo controle do uso de produtos
químicos agressivos ao ambiente, monitoramento de
gases lançados na atmosfera, utilização dos recursos
energéticos e maior eficiência nas linhas de produção,
reduzindo o descarte e o desperdício de matéria prima.
Automação e Controle
Ambiental
A necessidade do aumento
de produção para atender a crescente demanda em qualquer
que seja o setor da economia, aliada a necessidade
de eliminar erros humanos e também a manutenção da
continuidade, da qualidade e do baixo custo nos processos,
fizeram surgir o que se convencionou chamar de automação.
As empresas buscam
aumentar, através das tecnologias de automação, sua
competitividade no mercado, seja através da redução
de custos, pela melhoria dos processos, agregando
mais valor aos produtos ou ainda, se diferenciando
da concorrência através da especialização em algum
segmento.
O setor industrial
é responsável por boa parte das emissões globais de
dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
� também um dos que mais utiliza recursos naturais
nos seus processos, além de empregar subst�ncias perigosas
e não recicláveis no seu ciclo produtivo. A diversidade
tecnológica da automação permite seu uso em soluções
ambientais para controlar a qualidade da água, no
tratamento de efluentes domésticos e industriais,
na manutenção da qualidade do ar, viabilizar o destino
final aos resíduos sólidos, entre outros. A automação
pode proporcionar mudanças nesses processos e melhorar
o desempenho das empresas sob o ponto de vista do
meio ambiente, seja na aquisição de dados, no controle
e supervisão de sistemas de água, telemetria, gás,
energia, iluminação, ar condicionado, etc., sempre
seguindo especificações e padrões definidos por órgãos
internacionais. Tais mudanças permitem racionalizar
o consumo de energia, de matérias primas e outros
recursos a fim de minimizar os impactos da poluição
ambiental e, consequentemente, o efeito estufa e o
aquecimento global (Figura 1).

Figura
1 - Esquema do Aquecimento Global
Fonte:
Barbara Summey in earthobservatory.nasa.gov
O efeito estufa, que
contribui de alguma forma para o aquecimento global,
é o resultado da emissão dos gases produzidos por
motores, máquinas e equipamentos que consomem combustíveis
fósseis, da derrubada de matas e florestas e da emissão
de gases gerados pela decomposição de resíduos sólidos
(lixo urbano). Os sistemas de automação podem ser
usados para um controle mais eficiente na emissão
desses gases, possibilitando inclusive sua reutilização
em processos industriais diversos como fonte de energia
renovável.
O controle e a redução
da emissão de gases na atmosfera permitem ainda a
troca por créditos de carbono que podem ser convertidos
em recursos financeiros para novos investimentos na
planta. A quantificação é feita com base em cálculos,
os quais demonstram a quantidade de dióxido de carbono
a ser removida ou a quantidade de gases do efeito
estufa que deixará de ser lançada na atmosfera com
a efetivação de um projeto. Cada crédito de carbono
equivale a uma tonelada de dióxido de carbono equivalente.
Essa medida internacional foi criada com o objetivo
de medir o potencial de aquecimento global (GWP �
Global Warmig Potencial) de cada um dos gases causadores
do efeito estufa. Por exemplo, o metano possui um
GWP de 23, pois seu potencial causador do efeito estufa
é 23 vezes mais poderoso que o CO2.
Os créditos de carbono
são uma espécie de "moeda ambiental" e representam
a certificação de que houve redução no volume de gases
lançados na atmosfera, de acordo com o estipulado
no Protocolo de Kyoto. Este protocolo é um acordo
internacional que visa à redução da emissão dos poluentes
que aumentam o efeito estufa no planeta. Entrou em
vigor em 16 de fevereiro de 2005. Seu principal objetivo
é que ocorra a diminuição da temperatura global nos
próximos anos.
Consumo de Energia
A preocupação com
o meio ambiente tem influenciado fortemente nas ações
para aperfeiçoar o uso das fontes de energia, principalmente
as não-renováveis. Os gastos com energia foram os
que mais subiram nos �ltimos anos, seguidos pela folha
de pagamento, equipamentos, aluguel e sa�de, conforme
alguns relatórios divulgados recentemente por entidades
de pesquisa reconhecidas mundialmente.
A economia de energia
se impõe em toda e qualquer decisão de ações em uma
empresa e um sistema de automação deve fornecer os
elementos de tomada de decisão, através de informações
ágeis e baseada em um banco de dados histórico da
operação. Assim, os investimentos em automação é uma
prioridade para a maioria das empresas que buscam
conter seus gastos com energia. Para estas, a eficiência
energética é fator decisivo ao adquirir soluções que
visam à manutenção do negócio.
Dos vários controles
que podem ser aplicados, pode ser considerada a mais
importante referente à economia de energia, como sistemas
de ar condicionado e iluminação e no desligamento
automático / remoto de quaisquer equipamentos elétricos
não essenciais. Em sistemas de ar condicionado, visa
o melhor uso do sistema em um todo, regulamentando
a refrigeração e o aquecimento, para prover condições
confortáveis mesmo em regime de limite de energia.
Já nos sistemas de
iluminação pode representar um papel significante
na redução dos custos de energia. Os algoritmos de
controle de iluminação podem ser baseados em ocupação,
horário, nível de iluminação externa, liga/desliga
ou até compensação pelo desgaste natural das l�mpadas.
O controle mais eficiente
dos recursos energéticos é um foco de aplicação da
automação, principalmente em setores como mineração,
petroquímico, farmacêutico e sider�rgico.
Automação e Sustentabilidade
A vida do planeta
está em risco e o aquecimento global já afeta a todos.
O desenvolvimento econ�mico deve considerar o impacto
no meio ambiente e na sociedade. A necessidade de
promover melhorias nos processos e manter a atualização
tecnológica dos sistemas de controles industriais
leva as equipes de automação e de controle de processos
a se dividir entre a necessidade de sistemas tecnologicamente
avançados e a busca contínua de melhor produtividade
e maior eficiência. A globalização da economia e o
conseq�ente aumento da competitividade é uma das razões
para essa "corrida" tecnológica.
A tecnologia de automação
pode ajudar a compatibilizar essas necessidades e
ajudar a fazer deste um mundo melhor, ecologicamente
viável, socialmente justo e culturalmente aceito.
Ela pode reunir e difundir conhecimentos sobre novas
técnicas para o melhor aproveitamento dos recursos
naturais, divulgando os conceitos sobre sustentabilidade,
estimulando as boas práticas no uso da energia e outros
recursos e servindo de referência para todos os setores
da atividade humana ao despertar a consciência e qualificar
atitudes da necessidade de um meio ambiente protegido
para todos.
O chão-de-fábrica
tem passado por uma evolução significativa, com grandes
investimentos em novos sistemas de automação, transformando-se
numa área de grande valor estratégico para as empresas.
Boa parte do desenvolvimento dos sistemas de automação
se dá como resultado direto das observações e recomendações
de seus utilizadores, que informam das suas necessidades,
dificuldades e desejos. Tais informações orientam
os diversos fabricantes nas suas atividades de pesquisa
por novas soluções, influenciando desde a área comercial
e logística, até cuidados ambientais, em função das
necessidades específicas determinadas pelo mercado
em que atuam.
Interoperabilidade
de Sistemas
Interoperabilidade
possui um importante significado: "capacidade
de equipamentos de diferentes fabricantes se comunicarem
e trabalharem juntos." Entretanto, essa integração
entre os sistemas de automação, os sistemas corporativos
e os demais processos é um desafio para os profissionais
por normalmente envolver diferentes tipos de redes,
diferentes protocolos e diversos sistemas legados
(Figura 2). Entretanto, é eminente a necessidade de
atualização e integração de tais sistemas no que diz
respeito à disponibilidade das informações de forma
simples, instant�nea e confiável, fundamental à melhoria
dos processos produtivos.

Figura
2 - Interoperabilidade de Sistemas
A integração passa
a ser um fator importante porque permite que os sistemas
e processos operem de forma paralela nos diversos
níveis hierárquicos e se comuniquem entre si. As redes
industriais passam a combinar novos recursos de comunicação
e compartilhar tecnologias com o objetivo de permitir
maior interoperabilidade e melhor fluxo de informações
a partir de arquiteturas integradas, capazes do mais
completo gerenciamento, controle e segurança sobre
as informações disponibilizadas.
Para alcançar a interoperabilidade
vários pontos devem ser analisados, mas o grande desafio
reside na dificuldade de coordenar as etapas que conduzem
a integração dos sistemas com uma visão global dos
processos envolvidos. O problema está em definir os
limites de responsabilidade entre os diversos setores
envolvidos e as responsabilidades comuns de todos,
principalmente no que diz respeito às questões ambientais.
O principal objetivo é produzir um ambiente colaborativo
e interativo onde, além das questões relativas à segurança
da informação, existe a necessidade de se modelar
adequadamente toda a interconexão das redes, visando
atender as diferentes áreas da empresa, bem como a
atenção com o meio ambiente, vital para a existência
da própria empresa.
Qualidade e Variabilidade
Uma das maiores preocupações
do setor industrial está relacionada com a qualidade
do seu produto final que pode ser um bem durável ou
não e até mesmo um serviço. Considerando que a qualidade
pode ser definida como a adequação do produto ou serviço
ao uso para o qual foi destinado, torna-se necessária
uma ação de monitoramento e controle das variabilidades
nos processos envolvidos para atingir esse objetivo.
O desempenho desse
produto ou serviço está diretamente relacionado com
a compatibilização às exigências do usuário, independentemente
dos materiais e procedimentos usados, mas pode sofrer
algum tipo de variabilidade ao longo do tempo. Essa
variabilidade corresponde às mudanças indesejáveis
em alguma característica do produto entregue. Assim,
variabilidade e qualidade são inversamente proporcionais,
implicando que a melhoria da qualidade consiste na
redução da variabilidade dos processos e, em conseq�ência,
dos produtos. Um produto que apresente defeitos normalmente
é descartado ou, em certos casos, re-trabalhado, por
exemplo.
Quaisquer dessas opções
implicam em custos adicionais, maior uso de energia
e perdas, tanto materiais quanto financeiras. Por
esse motivo as empresas têm patrocinado grandes investimentos
na tecnologia da automação, principalmente no que
diz respeito à aquisição de novos sistemas que ofereçam
métodos de avaliação para permitir a verificação do
atendimento aos critérios de desempenho do sistema
em operação e, consequentemente, o atendimento às
necessidades dos usuários.
Os Novos Modelos Organizacionais
A evolução dos sistemas
de automação tem viabilizado aplicações que a princípio
causam impactos, mas logo estão presentes no cotidiano
das pessoas e passam a ser condicionantes de conforto
e da praticidade. Os motivos que impulsionaram a expansão
da automação foram principalmente a procura de soluções
para a economia de energia, juntamente com a administração
eficaz do seu consumo além da grande redução nos custos
associados, aí incluídos os custos com a preservação
ambiental.
O que está por trás
desses novos sistemas é um modelo organizacional que
utiliza protocolos abertos, onde a estrutura destinada
à comunicação é combinada de forma a tratar diferentes
topologias como se fosse �nica. Dessa forma, esse
novo modelo viabiliza soluções de integração entre
as diversas tecnologias existentes, oferecendo como
diferencial o atendimento a m�ltiplas plataformas
e modularidade para a troca de informações em todos
os níveis.
Os novos modelos organizacionais
viabilizam a integração entre os diferentes sistemas,
permitindo eliminar processos de transferência manual
de dados, possibilitando a obtenção de ganhos em termos
de eficiência e desempenho, principalmente no que
diz respeito à integração entre as soluções corporativas,
sistemas de gestão, aplicações WEB e o chão-de-fábrica
(figura 3).

Figura
3 � Modelo organizacional integrando redes corporativas,
sistemas de gestão, WEB e o chão-de-fábrica
Essa integração permite
ainda que as informações sejam criadas e compartilhadas
entre bancos de dados, processos, linhas de produção,
etc., enfim, entre todos os níveis onde se requer
acesso a tais informações. São tecnologias que, em
�ltima análise, permitem um aumento na produtividade
e a conseq�ente redução de custos ao longo do processo
produtivo.
Conclusões
As tecnologias de
automação repercutem profundamente sobre o desenvolvimento
industrial, passando o crescimento econ�mico a ser
cada vez mais determinado pelo progresso tecnológico.
Ao se conceber uma solução em automação, desenha-se
uma arquitetura que irá determinar o sucesso em termos
de alcançar alguns objetivos como desempenho, modularidade,
expansibilidade, etc.
Acompanhamos atualmente
o desenvolvimento de um novo segmento da automação,
preocupado com o meio ambiente, onde os par�metros
de desempenho dos sistemas que dão suporte e/ou asseguram
o conforto ambiental, aliados aos aspectos de gestão
unificada e o funcionamento das infra-estruturas de
serviços demonstram preocupação com a questão ambiental
e representam as novas premissas de sucesso destes
sistemas.
Um movimento abrangendo
a integração de novos processos e tecnologia de ponta
faz surgir novas técnicas de automação que podem resultar
em sistemas mais eficientes e que irão refletir na
melhoria da qualidade do meio ambiente. Essa integração
converge para o alinhamento de interesses do negócio
e interesses ambientais ressaltando em um ponto importante:
os negócios proporcionados pela automação agora são
bons negócios.
Integrar modernos
sistemas de monitoração e gerenciamento ambiental
aos processos existentes torna-se a chave e a ênfase
na abordagem que vem permitindo às empresas produtividade
e lucratividade crescente através da economia de energia,
matérias primas, mão-de-obra e com a própria redução
do custo ambiental ligado a sua atividade.
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