O aumento do número
de redes utilizando fibras ópticas e os novos serviços
em banda larga têm transformado a conexão de última
milha em uma complexa rede de acesso para possibilitar
que usuários de sistemas de comunicação diversos possam
se interconectar. Nesse universo podemos encontrar
redes ópticas com as mais variadas topologias (anel,
estrela, barramento, etc), com ou sem redundância
(proteção de rota e ou dos equipamentos), dependendo
exclusivamente dos requisitos e da disponibilidade
requeridas pelos usuários finais.
Para um projeto de
rede de acesso, a melhor solução seria, do ponto de
vista técnico, levar os cabos de fibra óptica diretamente
até os locais onde estão os usuários (residências,
prédios ou empresas). Considerando o projeto de uma
rede de comunicação baseada totalmente em fibras ópticas,
ou uma rede híbrida, com cabeamento metálico e óptico,
as soluções devem prover uma infra-estrutura que permita
uma fácil migração para novas tecnologias e serviços.
Para esses projetos de redes de acesso podemos utilizar
as arquiteturas conhecidas como Fiber-To-The-Home
(FTTH), Fiber-To-The-Curb (FTTC) e Fiber-To-The-Desk
(FTTD). Essas expressões são usadas em redes de fibra
óptica basicamente para indicar até onde chega esse
meio de transmissão.
FTTH é uma arquitetura
que propicia acessos em banda larga para uma série
de serviços, tais como Internet, telefonia e televisão,
através de uma rede totalmente óptica. Com o FTTH,
a rede de acesso é capaz de prover velocidades de
10Mbps até 1Gbps. A arquitetura FTTH pode ser utilizada
ainda nos projetos das "residências inteligentes",
na automação doméstica e nas atividades de entretenimento.
Por exemplo, nos EUA e na Europa há muitos condomínios
inteligentes utilizando essa arquitetura, com redes
alcançando uma enorme largura de banda e velocidades
na ordem de Terabits (trilhões de bits por segundo),
possibilitando aplicações como TV de alta definição
(HDTV) e Internet em banda larga, sem problemas de
ruído e atraso na transmissão.
Figura
1 - FTTH
Nem sempre é possível
(ou viável) levar a fibra óptica até o local onde
se encontra o usuário. A alternativa é utilizar uma
outra arquitetura conhecida como FTTC, onde os cabos
de fibra óptica ao invés de serem instalados no interior
das dependências do usuário terminam em armários ópticos
situados próximos às mesmas. Nessa arquitetura, a
rede óptica se estende até um armário de distribuição
intermediário localizado geralmente na calçada (daí
o nome curb, do inglês, meio-fio, calçada), que fica
a uma distância média entre 300 e 800 metros do usuário
(residências, prédios ou instalações de empresas).
Nesses armários os sinais utilizam outro meio de transmissão
(passam por um conversor de mídia), como, por exemplo,
cabo coaxial ou par metálico, para chegar até o ponto
onde está o usuário.
A alternativa FTTC
é mais econômica em relação ao FTTH, uma vez que a
fibra chega apenas até um ponto de distribuição local.
Entretanto, como utiliza lances de cabeamento metálico,
o projeto fica limitado aos comprimentos estipulados
pelas normas e padrões de cabeamento como a ANSI/EIA/TIA
568B ou a NBR 14565.
Figura
2 - FTTC
Já a arquitetura FTTD
ou Fibra até a Estação de Trabalho é utilizada onde
a demanda por banda de transmissão em aplicações de
videoconferência e mesmo de Internet exige uma capacidade
adicional das redes locais. Trata-se de uma arquitetura
usada principalmente nas redes corporativas e que
permite o uso da banda larga para a transmissão de
dados, voz e imagem em empresas. Uma arquitetura FTTD
torna-se atraente por possibilitar a utilização das
fibras ópticas até a mesa de trabalho do usuário,
aumentando a distância entre os pontos de rede.
As redes com par metálico
estão limitadas pelos padrões de cabeamento a um alcance
de 100 metros. Com a fibra óptica é possível chegar
a uma distância de 2.000 metros. Com isso as empresas
interligam um número maior de equipamentos, eliminam-se
gastos com pontos de conexão intermediários (mais
espaço físico), o que muitas vezes é essencial para
projetos de redes corporativas.
Figura
3 - FTTD
O desenvolvimento
de soluções para Redes Ópticas Passivas (PON) baseadas
nessas arquiteturas permite a otimização de recursos
(equipamentos, cabos ópticos e componentes da rede),
possibilitando um projeto de rede flexível e escalonável,
de forma a atender aos usuários finais de acordo com
a demanda requerida. Proporcionam ainda economia nos
custos de implantação e de operação da rede, permitindo
a aplicação dos recursos disponíveis de acordo com
a demanda requerida pelos usuários, minimizando também
os custos de manutenção e maximizando as receitas
através da redução do tempo de retorno do investimento.
Figura
4 - Exemplo de uma rede de acesso com as arquiteturas
apresentadas