As telecomunicações
vêm ocupando cada vez mais uma posição de destaque,
em nível mundial, em face do intenso desenvolvimento
tecnológico atribuído ao setor e da globalização de
atividades produtivas e financeiras.
Nas cinco
�ltimas décadas, o setor de telecomunicações passou
por transformações estruturais significativas no Brasil
e no mundo, como, por exemplo, a mudança no acervo
tecnológico e a alteração das forças que regulam as
relações comerciais na cadeia produtiva.
Breve
Histórico
No Brasil,
o setor de telecomunicações teve sua primeira ação
com a Lei 4.117, de agosto de 1962, que instituiu
o Código Brasileiro de Telecomunicações e disciplinou
a prestação do serviço, colocando-o sob o controle
de uma autoridade federal. Essa lei definiu também
a política de telecomunicações, a sistemática tarifária
e o plano para integrar as companhias em um Sistema
Nacional de Telecomunicações. Ainda na década de 1960,
outra referência importante foi a criação do Ministério
das Comunicações em 1967, o qual passou a fiscalizar
as diversas concessionárias do serviço telef�nico.
Nos anos
60, portanto, não só houve uma etapa na evolução tecnológica,
como também se destacou a institucionalização da ação
do Estado nas redes de telecomunicação. Esta participação
governamental teve sua lógica estruturada para organizar,
por via de fiscalização, estatização, centralização
e integração, o serviço prestado à população.
Todavia,
até o final da década de 1960, o sistema de telecomunicações
brasileiro mostrava-se incipiente para ampliação e
modernização de seus serviços que eram fornecidos
por empresas nacionais e estrangeiras. No início da
década de 1970, embora os serviços de comunicação
de longa dist�ncia apresentassem níveis aceitáveis
de qualidade, a telefonia urbana mantinha-se bastante
deficiente, em razão tanto dos problemas tecnológicos
não-resolvidos quanto da não-integração das empresas.
Para se ter uma idéia, por volta de 1972, aproximadamente
mil empresas exploravam os serviços p�blicos de telecomunicações,
a maioria de capital privado.
No final
dos anos 70 e durante a década de 1980 cresceram os
negócios da ind�stria de equipamentos e uma boa parte
das máquinas e equipamentos elétricos e eletr�nicos
importados destinou-se ao setor de telefonia e de
telecomunicações. Nesse período fortaleceram-se os
fabricantes que vieram a dominar o setor na década
seguinte. No Brasil, o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento
(II PND, 1974) estabelecia metas progressivas de nacionalização
dos equipamentos fabricados pelas multinacionais aqui
implantadas.
Como
a inovação tecnológica é uma das molas mestras do
setor, e sendo os investimentos diretos e os incentivos
em pesquisa e desenvolvimento, uma das ferramentas
de política industrial mais utilizadas nos países
desenvolvidos, a criação do CPqD (1976) foi o instrumento
usado para reduzir a dependência tecnológica externa
ao longo do período. Porém, as modificações no cenário
político e a piora da situação econ�mico-social do
país na década de 1980 reverteram o ritmo acelerado
de desenvolvimento do setor. Mesmo assim, esses anos
apresentaram conquistas, impulsionadas, sobretudo
pelo avanço tecnológico. Em 1985 e 1986, foram lançados
os satélites de comunicação brasileiros e em 1987
começou a ser estudada a implantação da telefonia
móvel no país.
Do ponto
de vista internacional, também ao longo da década
de 1980, iniciaram-se processos de liberalização em
países desenvolvidos, sendo privatizadas as principais
operadoras estatais. No Brasil, na década seguinte,
especificamente no ano de 1998 temos a privatização
do Sistema Telebrás.
O cenário
atual
Recentes
pesquisas divulgaram que a ind�stria eletroeletr�nica
viveu no ano de 2004, um dos seus melhores momentos
graças, sobretudo, ao desempenho do segmento de telecomunicações
e utilidades domésticas, com um aumento das exportações.
Segundo essas pesquisas, a área de telecomunicações,
por exemplo, teve um faturamento 51% maior em relação
a 2003, salto que equivale a 33% em termos reais.
Depois de telecomunicações, o segmento com maior salto
na receita frente a 2003 foi o de utilidades domésticas,
cujas vendas cresceram 20% em termos nominais.
Esses
resultados não se devem ao acaso ou somente às políticas
do governo. As din�micas evolutivas fizeram com que
fosse necessário rever a própria definição das fronteiras
na ind�stria de telecomunicações, isto é, a classificação
de cada um de seus segmentos de atuação. Por exemplo,
ao longo das �ltimas três décadas, três grandes inovações
� fac-símile, telefonia móvel e a Internet � demonstraram
como a rede de telecomunicações pode ser usada para
criar novos produtos para o mercado de massa bem como
modificar a forma que as pessoas vivem e trabalham.
A criação da telefonia celular em 1973 foi outro importante
passo. Da mesma forma que o computador pessoal alavancou
a ind�stria de computadores no mundo, as novas necessidades
da sociedade moderna em termos de comunicação tem
sido a mola propulsora para a industria de telecomunicações.
O desenvolvimento
de novos modelos de negócio na área de convergência
digital que suportem a gestão da inovação tecnológica
na ind�stria de telecomunicações também é uma realidade.
Para desenvolvimento de novos projetos, empresas e
universidades firmam parcerias que possibilitam a
criação de modernos laboratórios, ficando em condições
de viabilizar novos produtos, desde a sua concepção
e plano de negócios, passando pelo design, testes
de laboratório, prototipagem e até a produção industrial
de uma série piloto. Essa cooperação possibilita disponibilizar
ao mercado soluções inovadoras, de alto valor agregado,
para operação em redes da nova geração, abrangendo
principalmente terminais de convergência digital,
aplicações em rede inteligente, entre outras.
Tendências
Observa-se
que o setor de telecomunicações é extremamente dependente
de inovação e das várias fontes geradoras de pesquisa
e informação. As mudanças que estão ocorrendo na ind�stria
de telecomunicações são muito significativas e estão
alterando de forma permanente suas características.
O aumento da concorrência, a entrada de novas empresas
no mercado e o fortalecimento da competição mundial
está levando as empresas a focalizarem os segmentos
onde são competentes e fazendo com que estas procurem
se tornar mais fortes nas suas áreas de atuação. Este
fato significa que o desenvolvimento tecnológico que
sempre foi fundamental para essa área, é um dos principais
sustentáculos dessa ind�stria na atualidade.
As empresas
do setor estão alterando o seu comportamento e estratégias
para se tornarem cada vez mais competitivas, levando
ao aprimoramento das atividades na área de pesquisa
e desenvolvimento. Por sinal, a atual ind�stria de
telecomunicações é um mercado de trabalho para profissionais
com formação em áreas diversificadas, não só com formação
em Telecomunicações, mas também em Administração,
Sistemas de Informação e Redes de Computadores, entre
outros. Concessionárias dos serviços de telecomunicações,
centros de pesquisa e desenvolvimento, universidades
e centros de treinamento, redes de rádio e televisão,
ind�stria de telecomunicações e informática, ind�stria
eletroeletr�nica e petrolífera e quaisquer outras
empresas que utilizem serviços de telecomunicações,
são algumas das opções que o profissional encontra
no mercado de trabalho.
Conclusão
A ind�stria
das telecomunicações que durante a �ltima década exerceu
um papel importante no aumento da produtividade e
na difusão tecnológica, vem experimentando um período
de transformações tecnológicas, organizacionais e
institucionais sem precedentes na atualidade, passando
a compor um novo complexo estrutural que envolve desde
o suprimento de novas tecnologias até serviços ao
usuário final.
Enquanto
infra-estrutura de apoio às novas tecnologias de comunicação,
ao comércio eletr�nico e à ampliação e difusão da
Internet, a ind�stria de telecomunicações tornou-se
um fator-chave na nova economia e nas mudanças das
estruturas econ�micas vigentes.